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Comercialização, sintomas e mais: especialista alerta sobre arsênio, substância que pode levar à morte; confira

As investigações sobre o caso de uma família que foi parar no hospital, no Rio Grande do Sul, momentos depois de comer do mesmo bolo, ganharam novos elementos nesta sexta-feira (27), após a presença de arsênio ser encontrada no sangue de uma das vítimas que segue internada.   

Muito além de uma intoxicação, o arsênio, substância química presente no dia  a dia da população, se consumida em determinada quantidade também pode levar à morte, como aconteceu com três pessoas dessa família que não resistiram e foram a óbito.  Em entrevista ao Bnews, o diretor do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia ( CIATox-BA), farmacêutico bioquímico especialista em toxicologia clínica e forense, Jucelino Nery, traz informações mais detalhadas sobre a substância.

Sim, ele é comercializado como produto químico, mas também entra na composição de diversas outras substâncias. O arsênio é utilizado, por exemplo, na produção de vidros, na indústria do couro, no curtume, na indústria de têxteis, na produção de cerâmica, madeireiras, mineração, fogo de artifício, na produção de baterias também. Ele está bastante distribuído na indústria, mas o produto em si, inclusive o trióxido, é controlado o uso e a comercialização, mas pode ser adquirido.

2- Após ingerir o arsênio, em quanto tempo os sintomas podem aparecer?

Vai depender da dose, mas a vítima pode ir a óbito em até duas horas. Isso vai depender muito da quantidade utilizada. Em doses baixíssimas, o indivíduo pode levar meses ou anos intoxicando. Isso seria a forma crônica, desenvolvendo alguns outros problemas que, às vezes, não são detectados, diagnosticados como intoxicação.

3- Existe alguma forma de remover essa substância do corpo?

Bem, a primeira coisa que vai ser feita é o processo de manutenção da vida, que é utilizado em todos os tipos de atendimento, mantendo a pressão arterial controlada, fazendo o controle da glicemia, hidratação, funcionamento cardíaco. Agora, quanto à eliminação específica do agente tóxico, infelizmente no Brasil, hoje, a gente não tem um antídoto específico. Tínhamos alguns anos atrás, mas o registro da substância do medicamento venceu e não foi renovado pelo produtor. Então, a gente não tem disponível e, para a sua aquisição, é necessário fazer a importação.

4 – Normalmente, para o preparo de um bolo é utilizado itens como farinha de trigo, fermento, manteiga, leite, ovos. Há a presença do arsênio, direta ou indiretamente, em algum desses ingredientes?

Normalmente não. Ele, inclusivo,  é um veneno muito antigo, né? Então, desde a época da idade média, já era utilizado como veneno porque é difícil de ser identificado e pode matar uma pessoa lentamente. Ele já foi muito utilizado, já tivemos casos frequentemente há alguns anos atrás, antes do advento do chumbinho, porque ele era utilizado como raticida. Inclusive, eu vi até uma matéria que dizia que ele era um raticida. Na verdade, não é. Ele é um produto químico que um tempo atrás era utilizado para matar ratos, assim como é o chumbinho, que também não é raticida. Então, o risco que eu vejo é justamente que pessoas mal intencionadas tenham acesso a essas informações e acabam utilizando.

5 – Ele tem alguma funcionalidade para tarefas domésticas?

Não. Não tem uma finalidade doméstica. Inclusive, uma vez, esse produto sendo levado para casa, assim como outros, tem que se ter muito cuidado porque pode ser confundindo com sal de cozinha. A textura dele é semelhante.

6 – Aqui na Bahia é comum o quadro de intoxicação por arsênio?

Hoje, não mais. Não é comum. Como eu falei, antes do advento do chumbinho, sim. Nós tínhamos, praticamente, um caso por dia, mas hoje não é comum.

Fonte: BNews

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